sábado, 26 de janeiro de 2013

Amor

Ontem assisti a Amor, do Michael Haneke. É o terceiro filme do diretor que vejo, contando A fita branca e as duas versões de Violência gratuita. Vou fazer algumas anotações interpretativas. Contém spoilers.




O filme é tão óbvio quanto Violência gratuita. Não há nada atrás, ao lado, embaixo. O título é autoexplicativo: Amor conta a história de um casal de velhos, em que a mulher sofre uma rápida (porém lenta) degeneração física e cognitiva. O homem cuida dela, extremamente dedicado e conformado com as circunstâncias da velhice e do fim da vida. No final do filme, cansado, mas também atento ao desejo da esposa de não viver indignamente, ele a mata sufocada com o travesseiro. Isso não chega a ser uma surpresa, já que o filme abre com o cadáver da mulher.

Violência gratuita é a história de uma família burguesa atacada por dois jovens anônimos, que a torturam sem motivo lógico ou romanesco, lentamente, enquanto conversam com a câmera/espectadora. O título brasileiro é talvez mais fiel ao filme do que o título original: "Funny Games" tem uma ironia que desaparece por completo em "Violência gratuita", este funcionando quase como classificação indicativa.

Amor, também, não é só uma história de amor, mas, principalmente, apresenta didaticamente uma concepção de amor por meio de uma narrativa.

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A fita branca tampouco tem seu foco na narrativa. Parece uma hipótese histórico-política contada em forma de narrativa. O clima que se instaura pelo recorte escolhido, associado à tese que o filme parece defender, é mais importante do que as histórias que o filme conta.

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Amor é um filme de Oscar. Europeu-de-Oscar. E, com a morte da protagonista, agrada pela polêmica que a eutanásia ainda causa a quem se contenta com o moralismo. A morte da personagem, no entanto, é o menos importante do filme.